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PENSAR COMÉRCIO EXTERIOR

Quem se der ao trabalho de analisar o comércio exterior brasileiro, verificará o que move muitas de nossas empresas a exportar. Que sua motivação gira mais em torno da conjuntura econômica do momento do que de convicção no mercado externo. Gostaríamos de poder ver que o ato de exportar é a de uma empresa ou país com raciocínio exportador. Uma convicção de que esta é a melhor opção para tal empresa ou economia brasileira.

Todos os países que resolveram considerar o comércio exterior com seriedade se deram bem. Viram que seu desenvolvimento se acelerou. No comércio exterior, a empresa e o país têm à sua disposição um mercado muitas vezes maior. No nosso caso, uma população mundial 35 vezes a nossa. Assim, com uma possibilidade quase infinita de aumento de produção, venda e desenvolvimento.

A exportação brasileira tem de deixar de ser uma saída (sic) quando o país está em crise, ou quando seu mercado interno vai mal, ou não corresponde às expectativas das empresas. Mas, como sabemos, infelizmente, essa é a normalidade na nossa atividade de comércio exterior. Em que pensamos sempre em buscar a melhor opção, e ficamos ora com o mercado externo, ora com o interno. Normalmente, apenas as condições conjunturais determinam o futuro próximo em lugar das condições estruturais.

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É preciso mudar a política permanente de que se o mercado interno vai mal e se reduz, então pensamos em exportar nossos produtos. Se ele apresenta uma melhoria, de forma a absorver nossa produção, então se troca novamente de mercado, numa operação ioiô. Essa forma de ação pode até dar certo e funcionar no ato, com nossos problemas sendo reduzidos ou solucionados rapidamente, mas com toda a certeza, trará prejuízos mais à frente.

Todos aqueles que operam no mercado externo conhecem a infalível máxima de que “conquistar um cliente é difícil, reconquistá-lo é quase impossível”. A empresa que abandona seu cliente à própria sorte, é a que será abandonada posteriormente. É apenas uma questão de lógica e tempo, no que podemos chamar de efeito bumerangue.

É necessário mudar essa atitude com relação ao comércio exterior, e passarmos a agir com profissionalismo. Como ocorre com aquelas empresas que entraram e não mais saíram, fazendo do mercado externo um complemento do seu mercado interno. Exatamente como deve ser. A política de comércio exterior de qualquer empresa tem de ser de longo prazo e não de mera oportunidade momentânea. É necessário criar uma tradição, ser considerada uma empresa que cumpre seus compromissos e que, mesmo na dificuldade, continua suprindo seu fiel cliente.

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É importante a ação partir da própria empresa, buscando meios de implementar e incrementar sua participação. Vivemos um sistema capitalista, assim, nada mais lógico que participar dele. Mas, apenas isso talvez não seja suficiente, sendo necessário também ter algumas ações do poder público, a quem também interessa o comércio exterior e seu crescimento. Como a mais eficaz arma de desenvolvimento econômico. Que, afinal, é uma atividade importante na criação de empregos e de divisas. Todo país precisa conquistar moeda forte, conversível, que dê segurança econômica.

O governo, claro, precisa apoiar a atividade com vigor, criar as condições para isso, facilitando as ações da empresa. Que, em última instância, favorece o país como um todo.

Algumas ações já estão em andamento e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) tem sido um exemplo, facilitando o caminho para aqueles que decidem enveredar por ele. Ela atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira.

No entanto, muito mais deve ser feito, já que o maior problema são as pequenas empresas, que sempre precisam de suporte adicional. E elas praticamente não participam, sendo ínfima sua participação no comércio exterior brasileiro.

É preciso que o governo tome ações efetivas, em especial no que concerne ao seu agrupamento para exportação conjunta na forma de consórcios. O Sebrae atua nesse setor, no entanto não temos visto um avanço mais significativo na participação das pequenas empresas, sendo apenas residual, num universo de 6 milhões de empresas.

É necessário, entre outras ações, e talvez o mais importante, a criação do eternamente exigido Ministério de Comércio Exterior, cujo atraso passa de todos os limites possíveis e imagináveis. E cuja entidade vimos pedindo há quase duas décadas. Não precisamos mais do que 12, 15 ministérios, já tivemos 39, e o Mincex jamais é cogitado.

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É preciso concentrar todos os esforços em um único ministério, com a incumbência de cuidar de tudo que se relaciona com a atividade externa. Não podemos continuar com dezenas de órgãos governamentais lidando com a mesma coisa. É necessário remar todos para o mesmo lado.

Talvez mais do que nunca, e provavelmente igual a 1999/2000, em que a oportunidade foi desperdiçada, temos novamente um “ministro” ideal, e em plena ação, mas, no momento, no Ministério das Relações Exteriores MRE). E que somente precisa ganhar seu ministério próprio e ideal.

Samir Keedi

Professor de MBA, autor de vários livros em comércio exterior, transporte e logística, tradutor do Incoterms 2000,membro da CCI-Paris na revisão do Incoterms® 2010.

Analista de Importação Profissional

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