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despachante aduaneiro

O que faz um despachante aduaneiro?

O despachante aduaneiro é o profissional com poder outorgado pelo exportador ou importador, que se encarrega de apresentar para Alfândega, a documentação estabelecida nas normas tributárias, relativas ao despacho aduaneiro de importação ou exportação.

Em outras palavras, seu trabalho consiste na representatividade dos interessados perante os mais diversos órgãos, também conhecidos como intervenientes governamentais, que promovem o Controle Aduaneiro, além de operadores do comércio exterior e da logística, como armazéns, transportadores, bancos, empresas certificadoras e portos e aeroportos.

O despachante aduaneiro também presta o serviço de assessoramento para importadores e exportadores, que tem por objetivo a liberação aduaneira de mercadorias procedentes ou destinadas ao exterior, cujos procedimentos administrativos, legais e tributários são complexos e que necessitam de conhecimento técnico e operacional.

As operações aduaneiras no Brasil são complexas e regidas por diversas normas.

E em muitas delas, um simples descuido leva ao interessado uma sanção pecuniária, que pode começar com R$ 500,00. É neste contexto, de evitar o erro e fazer cumprir a norma aduaneira, que está inserido o despachante aduaneiro.

Esta profissão teve início nos tempos do império e atualmente é regida pela Instrução Normativa RFB nº 1.209/2011, que estabelece requisitos e procedimentos para o exercício das profissões de despachante aduaneiro e de ajudante de despachante aduaneiro.

Esta norma diz que o interessado (importador ou exportador) pode fazer o seu próprio despacho aduaneiro através de seu corpo funcional, ou contratar um despachante aduaneiro.

Registro na Receita Federal do Brasil

O despachante aduaneiro deverá ter registro na Receita Federal do Brasil e sempre trabalhará por instrumento específico de procuração.

O exercício da administração aduaneira compreende a fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, em todo o território aduaneiro.

O controle aduaneiro promovido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil não tem caráter arrecadatório. Nesse controle, o bem tutelado pelo Estado não é o tributo, mas a segurança da sociedade.

E neste contexto, o despachante aduaneiro é o profissional mais capacitado para compreender, assessorar e fazer cumprir as regras estabelecidas pela legislação brasileira, operando em nome do importador ou do exportador.

Quais são as responsabilidades de um despachante aduaneiro?

O despachante aduaneiro e seus ajudantes podem praticar em nome dos seus representados os atos relacionados com o despacho aduaneiro de bens ou de mercadorias, inclusive bagagem de viajante, transportados por qualquer via, na importação ou na exportação.

A principal função do despachante aduaneiro é a formulação da declaração aduaneira de importação ou de exportação, que nada mais é que a proposição da destinação a ser dada aos bens submetidos ao controle aduaneiro, indicando o regime aduaneiro a aplicar às mercadorias e comunicando os elementos exigidos pela Aduana para aplicação desse regime.

Mas não é só isto.

Os Despachantes Aduaneiros preparam e assinam os documentos que servem de base ao despacho aduaneiro, na importação e exportação, verificando o enquadramento tarifário da mercadoria respectiva e providenciando o pagamento dos tributos na importação.

Além dos tributos, o despachante se encarrega de recolher, em nome do importador ou exportador, o pagamento do transporte internacional, além de despesas logísticas, como transporte local, armazenagem, serviços correlatos e outros prestadores de serviços.

O despachante aduaneiro também atua na verificação da mercadoria em conjunto com a fiscalização aduaneira, para sua identificação ou quantificação, quando necessária, exceto em casos excepcionais, é realizada na presença do importador ou de seu representante, nesse caso, o despachante aduaneiro, podendo este recebê-la após o seu desembaraço.

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Como se tornar um despachante aduaneiro?

O despachante aduaneiro é a única profissão no comércio exterior regulamentada pelo Governo Federal.

O  exercício das profissões de despachante aduaneiro e de ajudante de despachante aduaneiro somente será permitido à pessoa física inscrita, respectivamente, no Registro de Despachantes Aduaneiros e no Registro de Ajudantes de Despachantes Aduaneiros, mantidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), e obedecerá às disposições da Instrução Normativa RFB nº 1209/2011.

Para que o despachante aduaneiro possa atuar como representante de uma empresa para a prática dos atos relacionados com o despacho aduaneiro, ele deve, primeiramente, ser credenciado no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) pelo responsável legal do seu contratante (importador ou exportador).

No caso de pessoa física, o credenciamento de seu representante pode ser feito pelo próprio interessado, se ele for habilitado a utilizar o Siscomex, ou mediante solicitação para a unidade da RFB de despacho aduaneiro.

A Habilitação no Radar/Siscomex

O despacho aduaneiro é processado no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex).

O Siscomex foi criado em 1993 para a exportação, e em 1997 para a importação, e foi pioneiro no mundo para o controle administrativo e aduaneiro de operações de comércio exterior.

Este sistema integra as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, por intermédio de um fluxo único e automatizado de informações.

O Siscomex promove a integração das atividades de todos os órgãos gestores do comércio exterior, inclusive o câmbio, permitindo o acompanhamento, orientação e controle das diversas etapas do processo exportador e importador.

E para se ter acesso ao Siscomex, primeiro é necessário que a empresa de importação ou exportação esteja habilitado no RADAR/SISCOMEX.

Uma vez habilitado no Radar, esta empresa consegue credenciar o despachante aduaneiro no Siscomex, e assim praticar as atividades relacionadas ao despacho aduaneiro.

A Instrução Normativa RFB nº 1.603, de 2015 e a Portaria Coana nº 123, de 2015 são as normativas que regem o tema de habilitação.

O Mercado de Trabalho

O despachante aduaneiro pode trabalhar em comissárias de despacho aduaneiro, indústrias, empresas importadoras ou exportadoras, de consultoria, de logística, tanto como empregado, ou empreender em seu próprio negócio de serviços aduaneiros.

O mercado de atuação é amplo, e o profissional aduaneiro pode atuar no setor operacional, executando as atividades previstas na legislação, ou no setor consultivo, assessorando empresas a executarem suas operações de logísticas internacionais, formação de preço, identificação da carga tributária exigida, do cumprimento do tratamento administrativo, além do controle do fluxo de embarque e desembarque de produtos, oferecendo eficiência e rapidez aos seus clientes.

É uma profissão que exige conhecimentos profundos de Direito e Legislação, Economia e Matemática, pois lida com números, cotações, contratos, mapeamento de processos e exigências alfandegárias.

A média salarial varia por estado, porte da empresa e tempo de experiência.

Fazendo uma rápida pesquisa no Guia de Salário publicado pelo Sine (Serviço Nacional do Emprego), é possível constatar que as remunerações variam entre R$ 1.900,00 para iniciante, até R$ 10.000,00 para os cargos de gerência e diretoria, em nível sênior e master de empresas de médio e grande porte.

O despachante aduaneiro que o mercado necessita

Fazer despacho aduaneiro no passado estava associado, tão somente, a acompanhar a chegada da mercadoria, promover o preenchimento da Declaração de Importação no Siscomex, solicitar os numerários e providenciar o desembaraço.  O serviço organizacional ficava por conta dos analistas dos seus clientes.

Hoje, o importador ou exportador necessita de informações que transcende a operação aduaneira.  Elas iniciam na colocação do pedido no exterior, passando pela cotação e negociação do frete internacional, pela composição do custo financeiro e tributário, e também a decisão do melhor lugar a embarcar/desembarcar.

E como o despachante aduaneiro pode agregar outros serviços naquilo que já oferece aos clientes?  Compreendendo (de verdade) o que o ele necessita, e atuar para que estas necessidades sejam atendidas.

É preciso que sejam oferecidos serviços que superem as expectativas e que promovam a melhoria contínua dos negócios, apontando soluções para melhorar o resultado financeiro e operacional das empresas.

A formação do despachante aduaneiro

A profissão de despachante aduaneiro exige especialização e preparação.  Apesar de não ser obrigatório, o mercado privilegia aqueles que possuem ensino superior completo (ou que estejam cursando).

Atualmente, com o mundo globalizado e com o crescimento continuado das operações de comércio exterior no Brasil, este profissional deverá ter fluência em mais de um idioma, ter conhecimentos sólidos de planejamento e custos e ter visão sistêmica.

Um despachante aduaneiro capacitado desempenha uma relevante função, se tornando um profundo conhecedor de toda a cadeia de serviço dos seus clientes, desde os tratamentos administrativos até as necessidades específicas da entrega e armazenamento da mercadoria.

E esta capacitação não se adquire apenas na prática. Ela também precisa ser adquirida com o conhecimento teórico desenvolvido na graduação, e principalmente nos cursos de formação.

Pesquisas de instituições que representam o comércio exterior indicam que mais de 90% das empresas brasileiras que operam com importação ou exportação utilizam-se dos serviços deste profissional.

O Despachante Aduaneiro e o OEA

Por força de uma legislação recente (IN RFB Nº 1.598/2015), que criou Programa Brasileiro de Operador Econômico Autorizado (OEA), o despachante aduaneiro ganhou novo Status.

Entende-se por Operador Econômico Autorizado (OEA) o interveniente em operação de comércio exterior envolvido na movimentação internacional de mercadorias a qualquer título que, mediante o cumprimento voluntário dos critérios de segurança aplicados à cadeia logística ou das obrigações tributárias e aduaneiras, conforme a modalidade de certificação demonstre atendimento aos níveis de conformidade e confiabilidade exigidos pelo Programa OEA e seja certificado nos termos desta Instrução Normativa.

Percebeu o caminho que o comércio exterior está indicando?

Este programa trará benefícios, como:

  • A fruição de Acordos de Reconhecimento Mútuo (ARM),
  • O estabelecimento de canais específicos de comunicação entre a RFB e os OEA,
  • A melhoria da imagem e reputação da empresa, devido ao reconhecimento formal pela RFB como operador de confiança,
  • A adoção de medidas de simplificação,
  • A agilização de procedimentos aduaneiros com segurança e controle.

Quem participa do OEA?

Os seguintes intervenientes privados participam do processo:

  • O importador ou o exportador;
  • O depositário de mercadoria sob controle aduaneiro;
  • O operador portuário ou aeroportuário;
  • O transportador;
  • O despachante aduaneiro; e
  • O agente de carga.

E como o despachante pode ser beneficiado?

Uma vez certificado, o despachante passa a integrar um seleto grupo de operadores, em que as exportações e importações dessas empresas certificadas pelo OEA passam a receber das aduanas um tratamento diferenciado, mais ágil, simplificado e previsível.

Para um despachante aduaneiro focado em aumentar a competitividade do seu negócio, a certificação OEA trará maior celeridade nas operações, além de reduzir custos logísticos.

Carlos Araújo

➡️ Autor do Livro Importação Sem Segredos, do Zero ao Seu Armazém
➡️ Empresário, despachante aduaneiro e especialista em importação empresarial.
➡️ São mais de 19 anos ajudando e inspirando pequenos e médios empresários, a importar de qualquer lugar do mundo para revender
➡️ Sua missão é simplificar os passos da importação empresarial, cortando os intermediários e aumentando os lucros
➡️ Criador da Mentoria Nos Bastidores da Importação, em que ajuda empresários a dar os primeiros passos na importação

Analista de Importação Profissional

8 comentários

  • Bom dia!
    Tenho um carro em Portugal, em meu nome, ano 2000, e gostaria de levá-lo para o Brasil.
    É possível?

  • Olá, Carlos. Ótimo artigo, muito esclarecedor; obrigado por tê-lo escrito, para iniciantes no assunto, como eu.
    Eu estive vendo, no site da Abracomex, sobre o curso coordenado pelo Sr mesmo, e notei que existe alguma especíe de regra específica para me formar um despachante aduaneiro se eu for dono ou sócio de uma empresa importadora. O link para o artigo no site da RFB parece estar quebrado, e eu não pude ler mais sobre essas regras, mas eu gostaria de saber onde eu posso saber mais sobre isso. Alguém aqui gostaria de me ajudar? Ficarei imensamente agradecido.

  • tenho um caminho aqui na italia e queria levar para o brasil e queria saber as taxas que teno que pagar para fazer os documentos brasileiro e legalizar ele.

  • gostaria de saber se o despachante aduaneiro pode trabalhar com liberação de documentação de veículo junto ao detran?

  • O profissional que trabalha com o despacho aduaneiro desempenha cada vez mais papel fundamental nos negócios internacionais. Ele tem atuação desde do planejamento até a conclusão da importação ou exportação, lidando com aspectos normativos, fiscais, financeiros e logísticos da operação.

    Para isso é necessário capacitação constante, aplicação dos recursos tecnologicos/comunicação e ótimo relacionamento com os diferentes agentes do processo de exportação e importação.

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