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Em defesa do Mercosul

O Mercosul tem despertado queixas entre os seus quatro parceiros originais, mas a verdade é que os resultados do Tratado de Assunção, firmado em 1991, têm sido positivos e concretos. E não só para o Brasil, embora os argentinos tenham dúvidas quanto aos benefícios do acordo, cujo funcionamento tem sido prejudicado pela política de restrições às importações implementada pelo governo da presidente Cristina Kirchner. Isso ficou claro em 2014 com o deslocamento do Mercosul do primeiro posto das exportações argentinas.

Para o Brasil, também não é interessante ficar só atrelado ao Mercosul porque, no final das contas, essa postura pode trazer problemas mais adiante. Ou seja, é preciso ir além. Hoje, é consenso que o País não pode se limitar a vender commodities para a China e precisa, enfim, adotar uma política industrial e comercial que torne seus produtos industrializados competitivos, inclusive para garantir não só seu espaço no Mercosul como voltar a exportar componentes de veículos e outros manufaturados para os Estados Unidos.

Seja como for, para o Brasil, o Mercosul ainda constitui importante instrumento para a expansão das exportações, em especial de produtos industrializados, embora tenha ocorrido em 2014 uma variação negativa de 17,27% nas exportações para o bloco: em 2013, o Brasil vendeu US$ 24,6 bilhões e, em 2014, US$ 20,4 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

 Deste total, US$ 2,7 bilhões foram de produtos básicos, ao passo que as vendas de manufaturados chegaram a US$ 17,1 bilhões, que, somados a US$ 440 milhões de semimanufaturados, resultaram em US$ 17,5 bilhões de produtos industrializados. Do total de 2013, US$ 1,8 bilhão haviam sido consequência da venda de produtos básicos, enquanto as exportações de manufaturados chegaram a US$ 22,3 bilhões que, somados a US$ 501 milhões de semimanufaturados, resultaram em US$ 22,8 bilhões de produtos industrializados.

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É de se notar que, desde 2005, há uma tendência de crescimento nas exportações brasileiras para o Mercosul, que só foi interrompida três vezes: em 2009, 2012 e 2014. Em 2005, as exportações haviam sido de US$ 11,7 bilhões, passando para US$ 13,9 bilhões em 2006, US$ 17,3 bilhões em 2007 e US$ 21,7 bilhões em 2008. O melhor ano foi 2011, com US$ 27,8 bilhões.

Nas importações, de 2013 para 2014 houve também uma variação negativa de 10,37%, caindo de US$ 19,2 bilhões para US$ 17,2 bilhões. Do Mercosul, em 2014, o Brasil comprou US$ 14,3 bilhões de produtos industrializados e US$ 2,9 bilhões de básicos. Em 2013, havia comprado US$ 15,5 bilhões de produtos industrializados e US$ 3,1 bilhões de básicos.

Percebe-se que, se 85% das exportações brasileiras para os demais países do bloco são de produtos industrializados, as importações acompanham o mesmo passo, chegando a 83% nesse segmento. Já para os Estados Unidos, União Europeia e para a China, os percentuais de vendas de manufaturados são de 50%, 36% e 5,75%, respectivamente. Isso mostra que a indústria brasileira, assim como a dos seus demais parceiros, tem no Mercosul seu mais importante mercado externo. Portanto, é preciso aperfeiçoar o Mercosul e não esvaziá-lo, o que não significa fechar os olhos para o resto do planeta.

Mauro Lourenço Dias

Engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br

Analista de Importação Profissional

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