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Nos braços do Açu

Os portos brasileiros são responsáveis pela movimentação de 77% do nosso comércio exterior, mas somos lanterninha em qualidade portuária, ocupando a 123ª posição, num ranking de 134 países. O aparelhamento político e má gestão pública da Companhia Docas, cujos resultados financeiros deficitários estão presentes em todos os portos sob sua autoridade, tornaram-se barreiras intransponíveis para o crescimento das exportações e importações.

Além disso, relações exteriores ideológicas, política de comércio internacional equivocada, leis portuárias ultrapassadas, sistema ignóbil de oferta de mão-de-obra, logística incompleta, infra-estrutura sucateada, máquinas e equipamentos sem tecnologia adequada remetem o Brasil à participação de apenas 1%, no comércio global.

É preciso modernizar e ampliar os portos públicos existentes; implantar outros, a partir de estudos técnicos focados nas potencialidades econômicas regionais; investir em infraestrutura, máquinas, equipamentos, tecnologias e inteligência; integrar todos os modais de transportes aos portos e à sua região de influência; e profissionalizar a mão-de-obra e gestão portuária.

O Porto de Vitória está limitado há mais de 10 anos e isto é irreversível. Sua largura e calado só permitem a movimentação de navios pequenos, resultando em aumento de custos e evasão de cargas. Não oferece acessos para o porto, retroárea para armazenagem, acumula déficits milionários e os investimentos são ínfimos. O seu perfil é para turismo, cabotagem, bases de apoio às atividades petrolíferas e indústrias limpas. Todas essas atividades têm alto valor agregado, recolhem grandes somas de impostos para os cofres públicos e geram mais emprego e renda.

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Precisamos aumentar a oferta de serviços para contêineres e cargas gerais. Mas, implantar um porto público de águas profundas, no entorno dos portos de Praia Mole e Tubarão, maiores do mundo em sua especialidade, significa impedir a expansão deles. Além disso, essa proposta apresenta outros grandes equívocos: mantém o atual modelo de gestão portuária, comandado por partidos políticos, ao invés de um que seja privado e dirigido por executivos; e os impactos na região metropolitana, cuja mobilidade já é caótica, serão catastróficos.

Urge, entretanto, transferir algumas das atividades do porto de Vitória, cujo apagão é iminente, para fora da região metropolitana, interiorizando a economia, promovendo o crescimento sustentado da atividade portuária, desafogando o trânsito da região, protegendo o meio ambiente e melhorando a qualidade de vida das pessoas.

A logística e infra-estrutura de Barra do Riacho são ideais para sediar esse novo porto. Porém, a expansão de Portocel, construção de um estaleiro e de outros terminais especializados podem dificultar a sua inclusão. Duas grandes siderúrgicas – CSU e Ferrous -, que pretendem se implantar no sul capixaba, prevêem a construção de portos de águas profundas. As cargas de terceiros podem ser inseridas dentro deste contexto, se houver articulação profissional.

Já está provado que nossos políticos não têm essa capacidade, uma vez que o Espírito Santo não convence o governo federal a implantar ou finalizar grandes obras, aqui. Daí, se a iniciativa privada não se mobilizar e apresentar uma solução, rapidamente, corre o risco de ficar sem saída e obrigada a cair nos braços do porto do Açu, no norte fluminense.

Martha Ferreira

Economista, consultora de Negócios e Logística, Autora, Editora e Idealizadora do site www.marthaferreira.com.br

Analista de Importação Profissional

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